Vivendo da Luz
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Bigu e Emagrecimento:

Qi Como Fonte de Alimento
by Qizhi Gao

Na literatura médica a obesidade é considerada uma doença de múltiplas causas. Definida pelos Institutos Nacionais de Saúde como o excesso de peso igual ou superior a 20% do peso ideal, mais de um terço dos americanos são obesos. Considerada como fator de risco para doença crônica e limitação psicossocial para milhões de americanos, o controle bem sucedido da obesidade oferece oportunidade ímpar para o cuidado do paciente e para a saúde pública. Se todos os americanos atingissem o peso normal, estima-se que haveria uma expectativa de vida acrescida de mais três anos, 25% menos de doença coronariana e 35% menos de insuficiência cardíaca congestiva e acidente vascular cerebral.

Infelizmente, a obesidade é também uma das doenças mais difíceis e frustrantes de se tratar. Os prestadores de atenção primária e os pacientes despendem considerável esforço com pouco benefício. Usando tratamentos padronizados nas universidades, apenas 20% dos pacientes perdem 9kg em 2 anos, enquanto que apenas 5% dos pacientes perdem 18kg. Esta falta de sucesso clínico criou uma demanda permanente para novos tratamentos para emagrecimento.

Um programa de fato completo para perda de peso compreende três partes principais: redução de aporte de calorias, exercício e mudança de comportamento. O ponto-chave é reduzir a ingestão de calorias porque a mudança no peso é igual ao aporte de calorias menos o gasto de calorias, de acordo com a primeira lei da termodinâmica. Normalmente, o objetivo do exercício é de aumentar o gasto de calorias e o objetivo da modificação do comportamento é limitar a ingestão de calorias pelo auto-controle.

Baseado no entendimento acima, Bigu Qigong mostra sua grande vantagem na perda de peso. Bigu quer dizer literalmente "evitar (bi) o grão (gu)." Na prática reflete a habilidade de viver apenas de Qi, sem comida.

Bigu é um período durante o qual a energia vital do praticante de Qigong transita do ar que a pessoa respira e da essência de comida e água para a retirada do seu sustento estritamente do qi do ar. Para o praticante experiente de qigong, isto é um processo natural que ocorre quando o acúmulo de qi atinge certo nível. A habilidade de manter funções corporais normais pelo qi só é possível sem mudança na rotina diária da pessoa e não tem efeitos colaterais. Alguns praticantes de qigong podem viver sem comida por longo período de tempo e muitas vezes por atingir e manter um grau muito maior de energia através da disciplina física e mental da prática do exercício de bigu. Para perda de peso, combina redução de aporte de calorias, exercício e modificação de comportamento em conjunto.

Um dos postulados de maior dificuldade do Qigong é quantificar o Qi como força vital. Os métodos científicos apenas começam a definir sua natureza, objetivando o que foi experimentado muito profundamente num nível mais pessoal e subjetivo. De um ponto de vista mais abrangente, tudo é uma forma de energia. A energia corporal tem uma anatomia e fisiologia particulares – separada do corpo físico. Apesar da diferença básica entre o ar e a comida em termos de vibração e complexidade, existe um equilíbrio homeostático entre eles, no qual um funciona como um sistema de reserva para o outro.

Bigu pode ser encontrado em muitos textos chineses antigos, em lendas e em técnicas de exercícios. Eis aqui alguns exemplos:

Uma história do Bao Puzi’s Inner Treaties dizia: Um homem chamado Jian, quando criança, estava caçando no campo quando caiu numa tumba profunda. Ele estava muito faminto. Então ele viu uma grande tartaruga, sua cabeça movia-se para cima e para baixo para engolir o ar. Disseram a Jian que uma tartaruga é boa em Daoyin? Conduzindo o Qi ele imitou o movimento da tartaruga. Ele não sentiu mais fome até que alguém o salvou 100 dias depois. Depois daquilo ele adquiriu a habilidade em Bigu – viver do ar sem comida. O imperador Wei não acreditou nisto e colocou Jian num aposento sem comida. Um ano depois Jian ainda estava cheio de energia e sua face tinha uma cor saudável.

Wang Chong Lun Heng – Dao Xue Pian da Dinastia Han do Leste afirmou: "As pessoas que vivem de Qi são longevas, embora elas não comam grãos suficientes elas ainda são cheias de energia."

Entre as relíquias históricas desenterradas da tumba Han número 3, em Mawangdui, Changsha, Província de Hunan, existia um livro de seda, Abandonando a Comida e Vivendo de Qi e uma pintura em seda, ilustrações Daoyin do período da antiga Dinastia Han do Oeste (terceiro século antes de Cristo). O primeiro é um método de "induzir, promover e conduzir Qi," o último exibe 44 "ilustrações Daoyin coloridas nas quais estão pintados os exercícios de treinamento."

Como praticante de qigong, eu pessoalmente experimentei o estado de Bigu duas vezes. De 20 de julho até 30 de agosto de 1993, minha dieta diária consistiu de 1 xícara de suco ou de 1 laranja. Os três primeiros dias foram os mais difíceis porque eu continuava a sentir fome. Depois do período de ajuste de 3 dias consegui controlar meu apetite e fome com o exercício de qigong e também gradualmente aumentei meu nível de energia.

Durante o período de 2 semanas continuei minha rotina de trabalho normal e necessitei de menos sono que o habitual; física e mentalmente, senti-me muito confortável e relaxado. Perdi um total de 10 pounds em 2 semanas e jamais recuperei o peso. Repeti o mesmo processo por um período de 2 semanas em 1996 com resultados semelhantes.

Em junho de 1996 coordenei durante duas semanas uma experiência de perda de peso com 12 sujeitos, a maioria sem experiência prévia em qigong. Inicialmente foram-lhes ensinados dois tipos diferentes de exercícios de Qigong: um de controle de apetite e outro para aumentar o nível de energia. Estes exercícios facilitaram a mudança pelo corpo na alteração de sua fonte primária de nutrientade comida para Qi. Cada sujeito foi encorajado a comer e beber apenas o que seu corpo requeria. Foi dada ênfase ao fato de que este não era um estudo sobre privação, mas um estudo para demonstrar a habilidade do corpo em adquirir sustento de outras fontes que não a comida e durante o processo promover a redução do peso.

Ao final das duas semanas de estudo, houve uma significativa perda de peso de 5kg; média de peso perdido por dia de 0,4kg. Os níveis de energia gradualmente aumentaram durante o período com uma concomitante redução da fome. O consumo de comida foi distribuído numa escala de 6 pontos, com 6 representando 3 refeições completas. O consumo médio de comida foi taxado em menos de 2 para todos os dias exceto Dia 3 e o Dia 11.

Houve um aumento significativo nos níveis de energia pós-exercício em 9 dos 13 dias (67%). Os níveis de fome foram significativamente reduzidos em 10 dos 13 dias (77%). A pressão arterial não mudou significativamente entre as medidas pré e pós.

Dez dos 12 sujeitos perderam um mínimo de 9 p durante o experimento de 14 dias; os dois sujeitos que perderam menos que 9p (3 e 4 respectivamente), ambos se exercitaram menos freqüentemente e comeram mais. Todos os sujeitos retornaram aos seus hábitos normais de alimentação num período de 3 dias após o término do processo. Os resultados foram apresentados na Third World Conference of Medical Qigong.

Bigu qigong é um método seguro e efetivo de perder peso que usa o auto-controle e o exercício para reduzir a ingestão calórica; entretanto, para o praticante leigo, é necessário ter um professor de qigong experiente como instrutor. Bigu é um protocolo viável para perda de peso sustentável por tempo prolongado.

Dr. Qizhi Gao é presidente e fundador do Kansas College of Chinese Medicine em Wichita, Kan., e é um praticante e instrutor de qigong. Para mais informação: Fone (316) 6918811 ou ligação gratuita 1 (888) 481 5226. (Este artigo foi publicado na íntegra por Kung Fu/Qigong Magazine, November 1998, e foi apresentado no Second World Congress on Qigong, São Francisco, Califórnia, em novembro de 1997).